Auto apoio e aceitação.
Aprendemos, desde muito cedo, que sermos aceitos pelo outro é condição necessária para sentirmos algum valor em nós mesmos. A cultura molda, a sociedade exige, e a aprovação vira uma espécie de senha para que possamos existir publicamente. Nessa ilusão social, passamos a viver para atender expectativas alheias.
Assim, renunciamos, pouco a pouco, à espontaneidade, nos afastamos da inteireza do que sentimos e, por fim, vestimos máscaras que cabem melhor na plateia do que no ‘camarim’ da nossa consciência.
Quanto mais ignoramos a pergunta fundamental — quem sou eu para além da expectativa alheia? quem sou eu para mim mesmo? — mais ficamos fulneráveis a angústia do vazio.
A grande armadilha é que a validação externa nunca basta. E nesse desatino, tornamo-nos manipuláveis, frágeis diante de quem sabe explorar a carência dos outros.
A liberdade começa com o autoconhecimento e no reconhecimento de que somos autores de nossas escolhas. Cada ato, cada pensamento, cada sentimento é um tijolo no edifício da própria existência. A mudança possível não está no clima, no governo ou na vizinhança; está na maneira como decidimos habitar o mundo.
Aceite-se na imperfeição, abrace-se na vulnerabilidade e tenha coragem de ser quem você é. Esse, talvez, seja o gesto mais revolucionário dos nossos tempos.
Vera Bastos